Mais sobre mim

Sim, eu sou mãe do Matias e da Júlia, mas também sou um pouco mais.

Assim como você, eu já fiz de tudo nessa vida. Já escrevi um livro quando tinha 7 anos e fiquei acordada esperando o cometa Halley que nunca passou (se passou eu que não vi). Já estudei eletrônica digital, já tirei 10 em cálculo na faculdade de engenharia, já comprei calculadora financeira pra uma matéria do curso de administração.

Depois de todo um drama familiar, eu resolvi que queria ser Designer. Drama porque nessa época design ainda não tava na moda, não tinha designer na novela, muito menos designer rico, garanhão, lázaro ramos. E ralei o bucho em beira de photoshop e gerenciador de fonte achando que era isso mesmo enquanto pude.

No meio dessa história aí nasceu a Júlia, minha primeira filha. Eu ainda tava na faculdade, ih, era tão jovem, minha nossa senhora, éramos todos jovens. A Júlia veio salvar minha vida na época, me mostrar que eu podia cuidar de mim mesma e de outra pessoa, e ela cresceu tão linda e tão "bem-criada" que não podia ficar tudo do jeito que estava.

É, eu esqueci de dizer que eu morava em Recife até então.

Depois da Júlia, foi a vez do Fernando salvar a minha vida. Ele me fez acreditar que alguém podia sim gostar de mim, contrariando todas as minhas crenças de adolescente com mania de rejeição, e eu vim de mala e cuia pra São Paulo ficar com ele, até porque quem conhece sabe que ele não é homem que se deixe escapar.

E vivemos entre trancos barrancos tapas e beijos buracos no metrô e ataques do PCC os três por muitos anos. Até que veio o Matias.

Matias nasceu de um parto domiciliar maravilhoso. Mas no outro dia, descobrimos que ele tinha uma cardiopatia grave, incompatível com a vida. Comemos o pão que o diabo amassou por cateterismos e cirurgias, por muito desespero e incompreensão e incapacidades de lidar, mas estamos todos bem. Sobre o Matias, você pode saber mais no blog onde escrevo (quando dá) sobre essa maternidade atropelada pela adversidade.

Eu não consigo explicar nem mensurar o quanto essa situação foi (e é) difícil pra mim. Nesses últimos tempos eu perdi o sono, surtei tanto quanto foi possível, me agarrei com unhas e dentes numa fé que eu nem sabia que tinha, e deixei aflorar os meus "talentos inúteis". Alcunha pejorativa criada (claro) por mim mesma pra nomear trabalhos manuais em geral que, agora, me acompanham madrugadas a dentro. Como eu tenho toda a bagagem e o repertório de designer nas costas, eu acabei achando que o que eu produzia acabava ficando interessante, e que devia ser publicado, desovado, expulso das minhas gavetas pro mundo.

E é isso que vai aparecer por aqui.

Convenhamos, é um jeito bem melhor de ocupar o juízo do que assinar o pay per view do Big Brother, né?