domingo, 12 de maio de 2013

Da maternidade



Hoje foi um dia das mães difícil. Não só pela distância da minha própria mãe ou pela falta da ligação do meu pai, que sempre me acordava nesses domingos de maio de manhã. Foi difícil porque tem sido difícil ser mãe. Sempre foi, e sempre vai ser, eu sei, mas as demandas mudam bruscamente, e às vezes parece que elas nunca diminuem. Sou mãe desde os 22 anos e é fato que a vida cobra as experiências perdidas. Ultimamente eu tenho tentado descobrir quem eu sou fora a maternidade, mas não dá pra voltar no tempo e simplesmente ser quem eu era, ou quem eu queria ter sido.



Toda maternidade é um atropelo à ideia que você têm de você mesma, do seu futuro, um assalto ao seu dia, seu tempo de dormir, de fazer, de viver. Tem as talimães que vão dizer que tudo vale a pena e que o amor e os filhos justificam, e eu nem discordo. Só acho que hoje a gente vive num confronto entre a vida contemporânea e a vida de antigamente, onde as pressões velhas e novas são valorizadas e nos empurram em direção à tarja preta.





Isso tudo é só porque eu tô me sentindo um tiquinho culpada de ter pedido uns dias de folga de presente. Porque sim, eu quero ajudar na lição de matemática e ensinar a usar o penico, mas eu também quero bordar, pintar, cortar papel e desenhar. E as escolhas se impõem, e eu mesma me recusava a aceitar o que eu abri mão, e a assumir a responsabilidade pelo que eu escolhi. Mas são as minhas escolhas, que foram feitas por motivos diversos, em momentos distintos, e na maioria das vezes a gente escolhe pelo que a gente consegue, e não pelo que a gente quer.



Um dia eu espero que meus filhos entendam que a única coisa que faz diferença nesse mundo é respeitar a escolha dos outros, e saber que a gente faz o que a gente pode. E meu desafio como mãe é aceitar o que eles decidirem, e ajudar, apoiar, segurar a mão, mas sempre deixar que eles sejam quem eles são.

Um beijo pra vocês (e quem quiser gravurinhas ainda tem, tá?).

5 comentários:

Anônimo disse...

Que lindo texto para o dia das mães! Honesto, verdadeiro e profundo. Adorei lê-lo. Um grande beijo e parabéns! Roberta

lu de mari disse...

lindo texto sil! é isso mesmo! e vamos aceitar nossas escolhas. :) * lindas gravuras

Fernanda Lisboa disse...

Sil, a tarefa de ser mulher/mãe nos dias atuais, apesar de linda e cheia de aventuras, não é nada fácil!
Admiro sua escolha e sua sinceridade em compartilhar um sentimento que muitos preferem esconder, mas acredito que podemos fazer novas escolhas a cada momento da vida e que somos muito mais capazes do que pensamos ser!

Um beijo grane pra tu.

Anônimo disse...

Sil,
que pena que só achei seu texto hoje. Que bom que achei seu texto! Num dia cinza e chuvoso do Recife, sua mensagem me esquentou, encheu de esperança e verdade, me enterneceu. Nós somos tudo isso mesmo, um monte de ações, sentimentos e desejos às vezes contraditórios. Me senti tão perto!
Muito muito obrigada!
Beijo enorme.
Suas criações são todas lindas! Me encantam!
<3
Diana Moura

Anônimo disse...

Achei lindo... sou mãe e vivo em conflito! <3